Ir ao cinema e ler livros vão além do entretenimento. Segundo especialistas em carreira, profissionais que consomem cultura trabalham melhor e são mais criativos.
“A formação cultural é suplemento da formação técnica. Ela vai ser a responsável pela compreensão diferenciada da realidade, o que é muito valorizado nas empresas”, analisa Priscila Azevedo, coordenadora do Departamento de Carreiras da Veris Faculdade/ IBMEC Educacional.
Conhecer outras realidades, sentir culturas diferentes e fugir da visão do dia a dia ajudam o profissional a aumentar o seu rendimento e a livrar-se do esgotamento de ideias, comum no mundo empresarial. “Nas empresas, tudo é muito corrido, assim, quem tem uma bagagem cultural e consegue fazer a conexão com o que trabalha sai na frente”, aposta Márcia Garcia, diretora do Grupo Labor.
O funcionário nunca sabe em que situação vai ter que usar seus conhecimentos. Não dá para prever. Por isso, é preciso estar sempre aberto a todas as manifestações culturais. Pode ser que surja um cliente de outro país e é bom você conhecer a cultura dele, por exemplo”, complementa Carmen Cavalcanti, diretora da Rhaiz Soluções em Recursos Humanos.
“Quando falamos em cultura, abrangemos várias coisas. Toda hora, você demonstra cultura, então, o que é chamado cultura inútil também é bem-vindo”, acredita Fábio Saad, gerente de mercado financeiro da recrutadora Robert Half. “O profissional tem que levar para a empresa o que realmente for necessário para o crescimento em seu trabalho.”
No último dia 14, um projeto de lei, em que empresas dariam um vale de R$ 50 aos funcionários para compra de livros e ida a espetáculos, foi aprovado no plenário da Câmara dos Deputados, mas ainda precisa do aval do Senado. A ideia é simples: um cartão magnético com R$ 50 para trabalhadores que recebem até cinco salários mínimos gastarem mensalmente em teatros, cinema, museus, na compra de livros. Uma espécie de vale-alimentação cujo bem a ser consumido é cultural.
No Brasil, reservamos 4,4% do orçamento mensal com cultura, uma média de R$ 64,53, gastos principalmente com livros e shows.
O texto da lei que foi aprovado na Câmara contempla ainda os servidores públicos, estagiários e há uma proposta para a inclusão dos aposentados. Trabalhadores que recebam mais de cinco salários mínimos também poderão receber o vale, mas não em caráter obrigatório.
O projeto do Ministério da Cultura é pensado desde 2003, mas só agora foi aprovado pelos deputados. “Demorou a sair porque o projeto prevê incentivo fiscal para os empresários que aderirem; por isso, tivemos que consultar o Ministério da Fazenda para que eles fizessem suas avaliações de impacto”, conta Roberto Nascimento. Com a aprovação do projeto, o governo pretende aumentar em até R$ 7,2 bilhões o consumo cultural no país anualmente.
“A cultura é uma grande aliada dos recursos humanos na formação profissional, por isso, qualquer incentivo a ela é bem-vindo”. Carmen Cavalcanti, diretora da Rhaiz Soluções em Recursos Humanos
MAIA, Flávia. Os astros do expediente. Matéria de capa do Caderno Trabalho & formação profissional do Jornal Correio Braziliense – Domingo. Data: 25 de outubro de 2009 – Brasília/DF.
Nenhum comentário:
Postar um comentário