quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Operários do sorriso

A profissão de técnico em prótese dentária – TPD vem ganhando espaço e o mercado, acompanhando esse crescimento. A gratificação é certa na profissão em que o resultado é claro e visível. E o melhor, a carreira tem formação rápida.É inegável a ampliação desse mercado. Em 10 anos, o número de técnicos registrados em todo o país saltou de 10.147 para 18.667. No Distrito Federal, no mesmo período, o número passou de 160 para 363, segundo dados do Conselho Federal de Odontologia. O presidente da Associação de Técnicos em Prótese Dentária do Estado de São Paulo (Apdesp), Roberto Ken Uema, explica essa expansão. “A preocupação com a estética tem aumentado. Além disso, trata-se de um mercado dependente da economia.” O estado do Sudeste concentra o maior número de técnicos no país: 7.067.
“Depois do reconhecimento da profissão, em 1979, é que os TPDs começaram a aparecer. O aumento do número de cursos técnicos também favoreceu esse crescimento”, explica o presidente da Câmara Técnica de Registros de TPDs, José Augusto Gomes. Ele ressalta que, hoje, a atividade atingiu novo patamar, que é a especialização. Nessa profissão, a formação e atualização devem ser constantes, pois apesar de ser uma ocupação extremamente manual, as tecnologias vêm ganhando espaço.
Além da cerâmica, do gesso e do pincel, o técnico utiliza máquinas, fornos e maçaricos. Criar essa obra é tarefa árdua. Como são proibidos pelo conselho de tocarem na boca dos pacientes, os técnicos constroem um dente apenas com base em moldes e fotos. Mesmo existindo tamanhos padrões dos dentes de uma mulher e de um homem, cada um é diferente. “Não consigo fazer um dente sem ver o cliente. Só o dentista toca, mas eu converso, olho, reparo a cor da pele, o formato do rosto, porque o molde é uma coisa morta”, descreve Nara, que garante que, se fizer 1.000 molares, nenhum será igual.
Personalizado, o trabalho desempenhado pelos técnicos em prótese dentária (TPDs) pode ser longo. “Além de muito trabalho, já ouvi falar que é uma das profissões mais insalubres”, lembra Lianio Herculano, funcionário de Laurence. O problema existe: o técnico aspira gesso, pó de metal, produtos químicos, manuseia máquinas de extrema precisão e mexe diariamente com saliva e até sangue nos materiais coletados não esterilizados. “A contaminação mais comum é a do vírus da Hepatite B ou C. Mas com a proteção adequada, não há risco. O problema é que 70% dos laboratórios não cumprem as regras de uso de máscaras, luvas, protetores”, afirma o presidente da Apdesp.
“Depois de um ano e meio a dois anos de curso, o técnico recém-formado deve se inscrever no Conselho Regional de Odontologia da região onde vai trabalhar e ingressar no mercado como estagiário, exercendo a função de auxiliar em laboratórios. Essa etapa pode variar de seis meses a dois anos. À medida que vai adquirindo destreza, ele deixa de fazer apenas moldes e vai avançando nas atividades”. Roberto Ken Uema, presidente da Associação de Técnicos em Prótese Dentária do Estado de São Paulo.
Há um número alto de profissionais formados, mas o mercado não está saturado porque existe uma carência de bons técnicos. Daí a grande procura pelo curso. A carreira ainda está em franca ascensão e a profissão vem conquistando reconhecimento no Brasil. Fora do país, o técnico brasileiro é reconhecido como um profissional altamente talentoso, principalmente nos grandes centros mundiais da prótese, como Japão e Alemanha.
Não há necessidade de um curso em nível superior, pois as escolas técnicas de hoje possuem conteúdos teóricos e práticos completos e consistentes, que dão a possibilidade do aluno atuar na área. De acordo com o desenvolvimento do profissional, ele pode se aperfeiçoar e escolher uma área para se especializar. Se depois destas etapas suas necessidades não forem atendidas, a dica é complementar a carreira com a graduação em odontologia.

RAIOS X

  • Número de escolas no país: 70
  • Número de alunos formados por ano em todo o país: 800
  • Escola em Brasília: Escola Técnica Brasiliense de Prótese Dentária ( (61) 3242-9936 )
  • Carga horária: aproximadamente 1.200 horas/aula, sendo 150 destinadas a um estágio
  • Período de formação: um ano e meio, com aulas ministradas seis vezes por semana
  • Investimento: R$ 550 mensais (valor da Escola Técnica Brasiliense de Prótese Dentária)
  • Requisito: conclusão do ensino médio

Operários do sorriso. Matéria de capa do Caderno Trabalho & formação profissional do Jornal Correio Braziliense – Domingo. Data: 01 de novembro de 2009– Brasília/DF. Disponível em: https://www.correioweb.com.br/cbonline/trabalho/sup_trb_142.htm?. Acesso em: 04/11/2009.

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